Equipe feminina é impedida de disputar o Norceca Final Four em Porto Rico A embaixada dos Estados Unidos em Havana, capital cubana, negou os vistos da seleção feminina de vôlei do país e de membros da comissão técnica da equipe para viajar para o Final Four da Confederação da América do Norte, Central e Caribe de Voleibol, em Porto Rico. Em resposta ao veto, a Federação Cubana de Voleibol emitiu uma nota na última quinta-feira (26), classificando a conduta americana como “discriminatória e injusta”.
EUA negam vistos para seleção cubana feminina de vôlei
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A competição será disputada por quatro países da América do Norte, Central e Caribe, do dia 16 a 21 de julho, na cidade de Manatí, em Porto Rico. A competição soma pontos no ranking mundial e a ausência da seleção cubana pode impactar diretamente nas chances de classificação da equipe para os Jogos da América Central e do Caribe de Santo Domingo, em 2026.
Segundo nota oficial da Federação Cubana de Voleibol, 16 membros da delegação tiveram seus vistos recusados para viajar a Porto Rico, sendo 12 atletas, dois técnicos, um árbitro e um gerente de equipe.
Porto Rico está sob o domínio dos Estados Unidos desde o fim do século 19. Sem ser oficialmente considerada como um estado, a ilha é classificada como um “território não incorporado”. Assim, as decisões diplomáticas sobre a região são determinadas pelo governo americano.
Fora das últimas quatro Olimpíadas, a equipe feminina de Cuba não vive seu melhor momento, mas carrega uma história de peso na modalidade, com três ouros (Barcelona 1992, Atlanta 1996 e Sydney 2000) e um bronze (Atenas 2004).
Brasil X Cuba em 1996
Reprodução
O chanceler cubano, Bruno Rodríguez Parrilla, fez uma publicação criticando a atitude dos EUA de negar os vistos das atletas cubanas, afirmando que a decisão “faz parte de uma lista racista e xenófoba de restrições migratórias elaborada pelo Secretário de Estado”.
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Desde o início do segundo mandato do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em janeiro de 2025, os atletas cubanos vêm enfrentando diversos obstáculos para participar de competições em territórios americanos. Em março, a seleção masculina de basquete não pode disputar a partida classificatória para a AmeriCup, em Porto Rico.
Ainda em março, doze atletas cubanos não puderam participar do Mundial de atletismo indoor, em Gainesville, na Flórida, por terem seus vistos negados. Diante das proibições recorrentes, a Federação Cubana de Vôlei ressaltou que a conduta do governo americano tem aumentado as incertezas sobre como irão proceder nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028.
Confira na íntegra a nota oficial emitida pela Federação Cubana de Vôlei
“A Federação Cubana de Voleibol informa que a Embaixada dos Estados Unidos em Havana negou vistos a todos os membros da delegação que representaria Cuba no torneio feminino Norceca Final Four, a ser realizado em Porto Rico, de 16 a 21 de julho.
Seus 16 membros (12 atletas, dois técnicos, um árbitro e um gerente de equipe) foram notificados nessa sede diplomática, à qual a solicitação foi apresentada de acordo com os prazos estabelecidos para tal processo.
Esse procedimento, contrário aos compromissos inerentes à responsabilidade assumida pelos países anfitriões de eventos esportivos internacionais, impede a presença de Cuba em uma competição que faz parte da rota de qualificação para os Jogos da América Central e do Caribe em Santo Domingo em 2026 e que soma pontos para a Norceca e para o ranking mundial.
Trata-se de uma posição injusta e discriminatória, alheia aos princípios do esporte, que se soma ao que já aconteceu até agora neste ano contra delegações de outras modalidades, e que aumenta as incertezas sobre o que pode acontecer no futuro em relação à conduta do país que sediará os Jogos Olímpicos em 2028.
Agradecemos os muitos esforços feitos pelos organizadores, a quem informamos sobre o ocorrido.
Federação Cubana de Vôlei
Havana, 26 de junho de 2025”
