por Brad Smith, vice-chair e presidente da Microsoft
Para um estudante que está se perguntando o que estudar, um professor repensando como ensinar ou um empresário gerenciando sua força de trabalho— a inteligência artificial não é mais uma teoria distante, ela é pessoal. E é por isso que acreditamos que alguns dos trabalhos mais importantes que surgirão não são apenas construir máquinas mais inteligentes, é garantir que essas máquinas ajudem as pessoas a prosperar.
É por isso que estamos anunciando o Microsoft Elevate e o AI Economy Institute—para garantir que, à medida que a IA transforma nosso mundo, estamos colocando as pessoas em primeiro lugar, as equipando com as habilidades, conhecimentos e ferramentas para prosperar com a IA.
O Microsoft Elevate reúne, em uma única organização, nosso suporte tecnológico, doações e vendas para escolas, faculdades comunitárias e organizações sem fins lucrativos. Ele sucede e amplia o trabalho de longa data da Microsoft Philanthropies e da equipe Tech for Social Impact, que apoia o terceiro setor.
De forma mais ampla, isso representa nosso próximo capítulo para a nossa área de filantropia corporativa e nosso modelo de negócios não comercial. Como fizemos com o Tech for Social Impact, operaremos esse novo braço com compromissos de reinvestir uma parte de nossos lucros em programas sem fins lucrativos. Estamos anunciando hoje que, nos próximos cinco anos, doaremos, em escala global, mais de US$4 bilhões em dinheiro e tecnologias de IA e nuvem para escolas K-12, faculdades comunitárias e técnicas, e organizações sem fins lucrativos para ajudar a alavancar suas missões.
O Microsoft Elevate também dará continuidade à próxima fase dos nossos programas e iniciativas globais de capacitação. Por meio da Microsoft Elevate Academy, ajudará a levar educação e habilidades em IA a pessoas ao redor do mundo. Nos próximos dois anos, a Elevate Academy ajudará 20 milhões de pessoas a obter certificações em IA — desde conhecimentos básicos até treinamentos técnicos avançados. Em estreita colaboração com outras áreas da Microsoft, como LinkedIn e GitHub, o Elevate oferecerá educação e capacitação em IA em larga escala. Também atuará como defensor de políticas públicas em todo o mundo para promover a educação e o treinamento em IA.

A Microsoft firmará parcerias com governos em níveis nacional, estadual e municipal — como já faz com o maior estado da Alemanha, a Renânia do Norte-Vestfália. O foco será ampliar a educação e o treinamento em IA em escolas, faculdades e ONGs. Lançaremos iniciativas inovadoras, incluindo o apoio anunciado hoje ao novo programa “Hora da IA”, em parceria com a Code.org. Também ampliaremos parcerias com organizações de trabalho, como a anunciada ontem com a Federação Americana de Professores (AFT) e continuaremos a buscar outras oportunidades de parceria. Juntas, essas ações representam um passo ousado para criar a infraestrutura de capacitação que o mundo precisará para colocar a IA em prática.
Um momento de reflexão
O setor de tecnologia vive hoje uma corrida pela IA — com alguns buscando ser os primeiros a alcançar a inteligência artificial geral ou até mesmo a superinteligência. Mas o que realmente esperamos alcançar ao cruzar essa linha de chegada?
O melhor momento para fazer perguntas difíceis sobre o futuro da IA é agora — antes que ela se torne ainda mais poderosa e onipresente. A história mostra que a tecnologia pode impulsionar a criatividade, expandir o conhecimento e conectar pessoas. Mas também pode aprofundar desigualdades. Quase 150 anos após Thomas Edison acender sua primeira lâmpada, centenas de milhões de pessoas ainda vivem sem acesso à eletricidade. E em apenas 15 anos, as redes sociais passaram de uma ferramenta promissora para promover a democracia a um instrumento de desinformação.
Ao olharmos para o futuro, precisamos nos perguntar: estamos construindo máquinas para substituir pessoas ou para ajudá-las a prosperar? Estamos tentando criar uma IA que supere a humanidade — ou que a eleve?
Na Microsoft, deixamos clara a nossa posição: acreditamos em avançar com a IA colocando as pessoas em primeiro lugar.

Elevando a humanidade do trabalho
Essa iniciativa faz parte de um compromisso mais amplo: ajudar as pessoas a moldar o futuro do trabalho — e não apenas reagir a ele.
O trabalho sempre foi mais do que ganhar um salário. É a forma como as pessoas contribuem, crescem e encontram significado em suas vidas. É uma fonte de identidade, propósito e dignidade. Essa não é uma ideia nova. Há dois mil anos, Aristóteles chamava isso de eudaimonia — a capacidade de florescer por meio de uma atividade com propósito. Essa ideia continua atual, especialmente agora que a IA começa a transformar a natureza do trabalho.
A IA é uma ferramenta poderosa que pode nos ajudar a aprender e a sermos mais produtivos. Mas, como qualquer ferramenta, precisa ser usada da maneira certa e com uma perspectiva ampla. Essa é uma das lições que aprendemos com o uso das redes sociais. Provavelmente todos já vimos alguém se conectar com um amigo distante pelo celular enquanto ignora um familiar sentado ao lado. Precisamos usar a IA para pensar mais — não menos. E isso depende não apenas da tecnologia, mas também da cultura e dos hábitos. Será necessário promover conversas conscientes em casa, nas escolas e nos ambientes de trabalho sobre como fazer o melhor uso da IA.
No fim das contas, a conversa sobre IA e empregos deve começar pelas pessoas — e não apenas pela produtividade. Máquinas podem processar dados, mas só os humanos exercem o julgamento. Máquinas podem imitar a linguagem, mas só os humanos oferecem a empatia. Máquinas podem otimizar, mas só os humanos se importam. O objetivo não é construir máquinas que nos substituam — e sim máquinas que nos ajudem a fazer mais e melhor.
Um dos fatores-chave para o sucesso será a formação de parcerias, para que uma ampla gama de partes interessadas possa contribuir com o rumo da IA. Isso significa trabalhar com governos, educadores, sindicatos, empregadores e líderes comunitários para garantir que a IA reflita os valores humanos e atenda às necessidades das pessoas.
É por isso que estamos aprofundando nossas parcerias com organizações trabalhistas como a AFL-CIO e, como anunciado ontem, com a Federação Americana de Professores (AFT), para oferecer treinamento em IA a membros de sindicatos, instrutores de programas de aprendizagem e educadores — incluindo a criação de uma nova Academia Nacional de Instrução em IA e uma série de capacitações de verão para os setores da construção civil. Também estamos trabalhando com formuladores de políticas públicas para incentivar políticas que apoiem o aprendizado ao longo da vida, a preparação da força de trabalho e o acesso equitativo à educação em IA.
Um novo think tank corporativo: o Instituto da Economia da IA da Microsoft
É importante reconhecer que ainda não temos todas as respostas para as novas questões que a IA trará às sociedades ao redor do mundo. Ninguém tem.
Para apoiar nosso trabalho com pesquisas mais aprofundadas e embasamento em políticas públicas, o Microsoft Elevate atuará em estreita colaboração com o Instituto da Economia da IA da Microsoft. Iniciamos esse trabalho em janeiro deste ano com a criação de um novo tipo de think tank corporativo — projetado para preencher a lacuna entre a inovação tecnológica e o impacto social.
Instalado dentro do AI for Good Lab e baseado nas melhores tradições da Microsoft Research, o Instituto patrocina e reúne pesquisadores para explorar como a IA está transformando o trabalho, a educação e a produtividade. Seu foco é transformar esses insights em soluções práticas que orientem a estratégia da Microsoft e sua atuação em políticas públicas.
O Instituto apoia pesquisas acadêmicas que investigam o potencial transformador da IA em escala global. Os projetos atuais — conduzidos por acadêmicos de universidades de diversos países — começaram no início deste ano e abrangem desde o uso da IA generativa para impulsionar a inovação acadêmica transdisciplinar, até o enfrentamento de lacunas políticas no ensino superior africano e a avaliação do valor real das habilidades em IA e das microcredenciais no mercado de trabalho. Esse trabalho reforça o compromisso do Instituto com uma abordagem inclusiva, baseada em evidências, para moldar futuros responsáveis e globalmente relevantes para a IA. Com ciclos de publicação rápidos e um compromisso com a colaboração aberta, o Instituto garante que suas pesquisas cheguem não apenas às equipes internas, mas também ao público e a formuladores de políticas em todo o mundo.
O trabalho do Instituto informará diretamente os programas e iniciativas de capacitação do Microsoft Elevate, ajudando a criar programas de treinamento, parcerias e estruturas políticas necessárias para preparar as pessoas para a economia da IA.
Por meio de workshops, encontros e pesquisas aplicadas, o Instituto da Economia da IA está pronto para se tornar uma voz de liderança no debate global sobre IA e transformação econômica — garantindo que os benefícios da IA sejam amplamente compartilhados e que a infraestrutura para um crescimento inclusivo seja construída junto com a própria tecnologia.
Construindo sobre um legado de 50 anos
Mais do que qualquer outra empresa de tecnologia, os 50 anos de história da Microsoft nos proporcionam uma compreensão única do que é necessário para que pessoas e tecnologia prosperem juntas. Como nossos sistemas operacionais e o PC sempre funcionaram como plataformas abertas, sabemos como apoiar um ecossistema global de desenvolvedores de software e inovadores.
E porque, desde cedo, a Microsoft sonhou em colocar “um computador em cada mesa e em cada lar” — quando isso ainda parecia um objetivo inatingível —, aprendemos o que realmente é necessário para que a tecnologia tenha sucesso. Isso depende não apenas de grandes inovações, mas também de um trabalho essencial para tornar essas inovações acessíveis e capacitar as pessoas a usá-las em seu dia a dia.
Esse é o trabalho que temos pela frente: não apenas construir a próxima geração da IA, mas também a próxima geração de oportunidades. Com o Microsoft Elevate, estamos investindo em pessoas, instituições e ideias que garantirão que a IA beneficie a todos.
Porque a IA não deve tirar a humanidade do trabalho — ela deve elevá-la.





