Divórcio perfeito: Mbappé e PSG se reencontram após separação boa para os dois lados

Atacante iguala melhor marca da carreira na primeira temporada pelo Real Madrid, enquanto time francês celebra aposta correta na valorização do conjunto, que rendeu inédita Champions Aos 48 min do 2º tempo – gol de dentro da área de Kylian Mbappe do Real Madrid
A saída de Kylian Mbappé do Paris Saint-Germain não foi amigável, e ainda tramita na Justiça francesa um processo do jogador contra o ex-clube. Mas, em campo, o divórcio se mostrou mais do que satisfatório para os dois lados. Com a camisa 9 do Real Madrid, o atacante já alcançou seu recorde pessoal de gols por clubes em uma temporada (44). E o time de Paris também não tem do que reclamar: sem grandes estrelas midiáticas, conquistou pela primeira vez a tão almejada Liga dos Campeões da Uefa.
Quarta-feira, Mbappé e PSG vão se encontrar pela primeira vez após a separação, em um jogo que vai decidir qual dos dois continuará sonhando com o título da edição inaugural da Copa do Mundo de Clubes.
Para o atacante do Real Madrid, o torneio é a chance de levantar uma taça inédita e coroar uma temporada de poucas conquistas, mas individualmente repleta de marcas importantes. Do lado francês, a Copa de Clubes seria a coroação do time mais vencedor dos seus 55 anos de história, o primeiro a alcançar a Tríplice Coroa (Campeonato Francês, Copa da França e Champions League).
Veja a tabela completa da Copa do Mundo de Clubes
Mbappé chegou a 44 gols em sua primeira temporada pelo Real Madrid e pode aumentar a marca
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Mbappé chegou ao PSG em 2017, aos 18 anos, como o menino prodígio do futebol francês, após despontar no Monaco na conquista do título francês de 2016/17, conquista que impediu o PSG de alcançar o pentacampeonato consecutivo – uma marca, aliás, que a equipe parisiense ainda persegue, e pode conseguir na próxima edição.
Na mesma temporada, o PSG sacudiu o mundo ao tirar Neymar do Barcelona. Era a continuação do projeto do clube para se tornar um gigante europeu, iniciado em 2011. Com aporte milionário de um fundo esportivo do Catar, o PSG passou a investir em reforços estelares, com objetivos bem definidos: alcançar a hegemonia no futebol francês e conquistar a Liga dos Campeões da Uefa.
Nomes como David Beckham, Javier Pastore, Thiago Silva, Ángel Di María, Zlatan Ibrahimovic, Edinson Cavani e Sergio Ramos ajudaram o time a cumprir a meta doméstica – o PSG já é o maior vencedor do Campeonato Francês (13 títulos), Copa da França (16), Copa da Liga (9) e Supercopa da França (13). Com Neymar e Mbappé, o PSG acreditava ter dado o salto necessário para a glória europeia. Bateram na trave com o vice da Champions de 2019/20. A chegada de Lionel Messi, em 2021, foi o ápice do modelo galáctico do PSG, mas o trio de astros não chegou nem perto de beliscar a Champions.
Mbappé, Messi e Neymar não conseguiram vencer a Champions League com o PSG
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Sem galácticos, PSG conquista a Champions
A debandada começou em 2023, com as saídas de Messi, Neymar e Sergio Ramos. Há anos desejado pelo Real Madrid, Mbappé resistiu por mais uma temporada e saiu de graça em 2024 para o gigante espanhol. Uma transferência que deixou mágoas dos dois lados. Mas, certamente, sem arrependimentos.
Finalmente “dono” do vestiário, o técnico Luis Enrique levou um grupo de jovens jogadores, liderados em campo pelo capitão Marquinhos, a levantar enfim a tão sonhada Champions.
Marquinhos levanta a taça da Champions 2025 como capitão do Paris Saint-Germain na final contra a Inter de Milão
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Em Madri, outro sonho realizado: aos 26 anos, Mbappé chegou sem custos ao Real, time do qual era fã desde criança. Logo na estreia, o primeiro gol e o primeiro título, no 2 a 0 sobre a Atalanta que valeu a Supercopa da Uefa. A outra conquista de Mbappé pelo Real veio em mais um torneio de um jogo só: o nono título mundial do time espanhol, com um 3 a 0 no Pachuca, em dezembro do ano passado, também com um gol do francês.
Nas competições longas, o Real não foi bem: vice-campeão espanhol, a quatro pontos do rival Barcelona; vice da Copa do Rei e da Supercopa da Espanha (as duas finais também vencidas pelo Barça); e eliminado pelo Arsenal nas quartas de final da Champions.
Mbappé supera primeira temporada dos Ronaldos no Real
Tinha tudo para ser uma temporada de estreia para Mbappé esquecer. No entanto, se o conjunto não foi bem, individualmente o camisa 9 francês superou as expectativas. Comparando com a primeira temporada de dois nomes da prateleira mais alta do futebol mundial, os 44 gols de Mbappé deixam para trás, com folga, os 30 de Ronaldo Fenômeno em 2002/03 e os 33 de Cristiano Ronaldo em 2009/10.
Na Copa do Mundo de Clubes, Mbappé ainda não foi titular do Real. Perdeu toda a primeira fase por causa de uma gastroenterite sofrida pouco antes da estreia e viu brilhar a estrela do jovem Gonzalo García, escolhido pelo técnico Xabi Alonso para suprir a ausência do astro francês.
Mbappé só estreou nas oitavas, entrando no meio do segundo tempo da vitória por 1 a 0 sobre a Juventus, justamente no lugar de Gonzalo García, autor do gol da partida. Nas quartas, novamente saiu do banco para jogar a meia hora final de jogo contra o Borussia Dortmund. Foi o suficiente para deixar sua marca, com um golaço de voleio nos acréscimos da vitória por 3 a 2.
Um gol que valeu duas marcas importantes. O atacante igualou os 44 gols da temporada anterior pelo PSG, seu melhor desempenho na carreira em clubes. E também alcançou o número de gols de Karim Benzema pelo Real na temporada 2021/22, recorde entre jogadores franceses nas quatro grandes ligas europeias (Espanha, Inglaterra, Alemanha e Itália).
Nesta quarta, Mbappé pode se tornar o recordista absoluto. Para isso, terá de fazer algo inédito: marcar contra o PSG, o que ele não conseguiu nas duas temporadas com a camisa do Monaco, no início da carreira.