Com surpresas, retornos e sete nomes que atuam no Brasil, técnico italiano anunciou sua primeira convocação. Convocação da Seleção: primeira lista de Carlo Ancelotti
A primeira convocação e o primeiro contato de Carlo Ancelotti com o Brasil, horas depois de chegar ao país, recebeu o tratamento que tanto a Seleção Brasileira quanto o treinador merecem. Em meio ao conturbado processo de transição na CBF, com um presidente eleito sem o apoio da maioria dos clubes, a chegada de um dos técnicos mais vencedores da história é um recomeço forçado (e festejado) que tem como horizonte a próxima Copa do Mundo — sempre uma urgência nacional.
Com o interesse da imprensa de todo o mundo e a expectativa de um país onde cada torcedor carrega sua própria prancheta, a presença de Luís Felipe Scolari, último técnico campeão mundial com o selecionado brasileiro, acabou carregando muito simbolismo, como uma tentativa de amarrar a corda que ficou solta com a conquista do heptacampeonato em 2002. Na época, o próprio Felipão entrou as pressas para remendar um processo que parecia perdido — o que parece desmando parece ser o nosso método.
Carlo Ancelotti em apresentação como técnico da seleção brasileira
Reuters
A primeira convocação de Carlo Ancelotti apresentou alguns retornos emblemáticos, como Casemiro (Macheter United) e Richarlison (Tottenham), e outras surpresas, como o arqueiro Hugo Souza (Corinthians), o zagueiro Alexsandro (Lille) e o meia Andrey Santos (Strasbourg). Por enquanto sem Neymar, a lista de 25 nomes trouxe sete jogadores que atuam no Brasil. A impressão é que o técnico italiano tenta manter uma base do elenco que vinha sendo chamado, mas já impondo a sua própria percepção sobre o momento dos principais jogadores brasileiros.
É justamente esta capacidade de visão do futebol brasileiro, partindo de um ângulo diferente dos últimos técnicos da Seleção, que pode ser um dos principais diferenciais para um trabalho que começa marcado pelo senso de imediatismo. Não se trata de “viralatismo” em relação ao futebol europeu, nem de desprezo aos técnicos brasileiros disponíveis, mas a Seleção precisava ser observada (e conduzida) de forma diferente — a partir de novas ideias, compatíveis com um futebol altamente competitivo.
Hugo Souza em Corinthians x América de Cali
Fabio Giannelli/AGIF
Parece evidente que o futebol brasileiro apresenta um déficit geracional, mas comparado unicamente ao seu próprio histórico. Os nomes de peso já não parecem tão pesados quanto eram no passado. No entanto, o que temos atualmente é mais do que suficiente para formar uma equipe à altura das melhores seleções do mundo, com capacidade de se perfilar como candidata a conquistar a Copa. A própria qualidade dos jogadores brasileiros (de ontem e de hoje) foi enfatizada mais de uma vez por Ancelotti na entrevista após a convocação.
Outra grande notícia da convocação, talvez a mais relevante nestas primeiras impressões, é que Carlo Ancelotti está empolgado, talvez mesmo feliz — ou, ao menos, muito confortável. Deixou claro que é um privilégio treinar a Seleção Brasileira (e esta admiração que permanece ao longo dos tempos nos deixa quase constrangidos em relação à forma como ela vem sendo tratada). Carleto, a partir de agora Carlinhos, também não escondeu o entusiasmo em finalmente conhecer o Rio de Janeiro — porque, afinal de contas, também os europeus conhecem o caminho da felicidade.
As primeiras palavras de Carlo Ancelotti como técnico da Seleção Brasileira
