RBR perde pilares da equipe em apenas um ano e vai de 1º a 4º na F1

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De projetista lendário a chefe de equipe, time austríaco sofreu com desfalques em 2024 e 2025 e hoje é só coadjuvante no campeonato de construtores da categoria NA PONTA DOS DEDOS: No duelo da McLaren, vitória de Norris e punição injusta a Piastri
O mundo da F1 acordou nesta quarta-feira com a notícia da demissão de Christian Horner, em efeito imediato, do cargo de chefe da RBR. A saída do inglês, porém, não foi a única baixa da equipe no período de pouco mais de 12 meses, movimentações que pavimentaram a vertiginosa queda de desempenho de um time antes dominante e, hoje, apenas quarto colocado no Mundial de 2025.
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Jonathan Wheatley (ex-diretor esportivo), Christian Horner (ex-chefe), Adrian Newey (ex-projetista) e Will Courtenay (chefe de estratégia, saída em 2026): baixas da RBR em 2024 e 2025
Getty Images
As quatro principais baixas sofridas pela RBR nos últimos meses foram de componentes importantes na estrutura da equipe que, agora, passa a ter como gestor o ex-Ferrari Laurent Mekies. O francês começou a trabalhar na F1 no início dos anos 2000 com a Minardi, que mais tarde, se tornaria STR (atual RB).
Quem é Laurent Mekies, novo chefe da RBR na F1 e ex-Ferrari
Ele deixou a equipe-irmã da RBR em 2018 para atuar como diretor-esportivo em Maranello, acumulando as funções de vice-chefe de equipe e diretor de corridas até sua saída em 2023. Desde então, passou a chefiar a RB, que agora tem o ex-Renault e diretor-esportivo Alan Permane no cargo.
Laurent Mekies como diretor esportivo da Ferrari em 2020; francês será novo chefe da RBR a partir do GP da Bélgica de 2025
Getty Images
Adrian Newey, projetista
O primeiro desfalque na RBR foi confirmado em 1º de maio de 2024: Adrian Newey deixou o time após 19 anos de uma parceria que rendeu oito campeonatos de pilotos, com os tetracampeões Max Verstappen e Sebastian Vettel, e mais seis de construtores.
O engenheiro inglês tem 40 anos de experiência na F1, com passagens pela March, Williams e McLaren. Foi ele quem projetou carros históricos como o FW14B da Williams de Nigel Mansell, na temporada 1992, e o MP41/13 que rendeu a Mika Hakkinen, em 1998, seu primeiro título com a McLaren.
F1: Veja carros campeões de Adrian Newey
Horner, na época, negou que crise interna do time motivou projetista a sair
Com seu inseparável caderno vermelho, Adrian Newey esteve na RBR desde a temporada 2006
Mark Thompson/Getty Images
O impacto da saída de Newey, que meses mais tarde juntou-se à Aston Martin, não demorou a ser sentido: o inconsistente RB21, carro da RBR da temporada 2025, foi o primeiro bólido do time na década desenhado sem o lendário projetista, que só ficou fora dos projetos de 2005 e 2006.
Jonathan Wheatley, diretor esportivo
Em agosto, foi a vez de outra figura proeminente do time pular do barco. Wheatley, cuja carreira começou na Benetton de 1991 como mecânico, chegou à RBR em 2006 e foi promovido em 2018 a diretor esportivo, atuando na gerência da equipe de pit stops e de reparos do time e defendendo-o perante os comissários da Federação Internacional do Automobilismo (FIA).
Foi com Wheatley que o time de pit stop da RBR bateu o recorde de troca de pneus mais rápida da história, em 2023; e também foi ele quem assegurou que Max Verstappen retornasse de uma batida na largada do GP da Hungria de 2020 para chegar ao pódio.
Jonathan Wheatley no GP de Abu Dhabi da F1 em 2024, seu último com a RBR
Mark Thompson/Getty Images
O inglês, porém, também ficou marcado pela participação direta no polêmico desfecho do GP de Abu Dhabi de 2021 – ao sugerir ao então diretor de provas da FIA, Michael Masi, como a corrida deveria recomeçar após o safety car na disputa de Lewis Hamilton e Verstappen pelo título.
Wheatley seguiu da RBR direto para a Sauber, que em 2026, vira Audi. Assumiu a função de chefe de equipe em abril deste ano e, em apenas três meses, já pôs o time no pódio com o terceiro lugar de Nico Hulkenberg no GP da Inglaterra.
Max Verstappen com os mecânicos da RBR no GP da Hungria de 2020
Mark Thompson/Getty Images
A RBR, por outro lado, sofreu algumas derrotas perante os comissários, como na perda da pole position de Max Verstappen por atrapalhar George Russell na classificação do GP do Catar, ano passado, e os recentes protestos feitos contra o inglês da Mercedes em Miami e no Canadá – ambos rejeitados.
O time também tem sido prejudicado por pit stops problemáticos em 2025, com destaque para o desempenho no GP do Bahrein, no qual uma das paradas de Verstappen chegou a durar 6s por problemas com a pistola de afixação dos pneus.
Will Courtenay – chefe de estratégia
No mês seguinte, a RBR também perdeu seu chefe de estratégia – a quem chegou a oferecer o cargo anteriormente ocupado por Wheatley. Courtenay foi contratado pela McLaren para atuar como diretor esportivo em Woking e chegou a negociar uma saída antecipada, mas o time austríaco conseguiu fazer valer o atual contrato vigente com o engenheiro e contará com seus serviços pelo resto de 2025.
Will Courtenay no pit wall da RBR durante treinos do GP da Inglaterra da F1, em 2024
Mark Thompson/Getty Images
Quando o britânico deixar o time oficialmente, ele será substituído pela compatriota Hannah Schmitz, engenheira que já coordena as estratégias da RBR.
Christian Horner, chefe de equipe
A saída de maior peso se concretizou nesta semana que sucedeu o GP da Inglaterra. Na terça-feira, acionistas da empresa que controla a RBR optaram pela demissão de Horner – ainda sem motivos apresentados ao próprio inglês para a decisão.
O gestor de 51 anos comandou a equipe desde sua chegada à F1, em 2005, conquistando oito títulos de pilotos e seis de construtores além de 124 vitórias e 287 pódios em 405 GPs disputados. Dos dez chefes que atuam na categoria, Horner era o mais experiente deles, com seus 20 anos de atuação em Milton Keynes – sede da RBR, na Inglaterra.
Max Verstappen e Christian Horner celebram vitória no GP do Japão da F1 2024
Bryn Lennon – Formula 1/Formula 1 via Getty Images
A longeva relação com o time hexacampeão de construtores, porém, foi abalada nos últimos meses. O episódio de mais destaque trata de uma acusação de suposta conduta imprópria de Horner com uma ex-funcionária, demitida pelo time após o escândalo.
O ex-chefe foi inocentado após uma investigação promovida pela marca austríaca, mas a isenção não impediu que a situação fosse questionada por rivais como McLaren e Mercedes, no grid, e tampouco que alimentasse uma disputa de forças contra o consultor Helmut Marko, com apoio do pai de Max Verstappen, o ex-F1 Jos Verstappen – que chegou a cobrar a saída imediata de Horner pela polêmica.
Christian Horner, chefe da RBR, foi centro de crise nos bastidores da equipe na F1 2024
Eric Alonso/Getty Images
A situação se elevou ao ponto de Max Verstappen intervir, em defesa de Marko, e sugerir que poderia deixar a RBR caso o consultor fosse demitido. Mas, a crise perdeu força ao longo de 2024 – embora as partidas de nomes como Newey e Wheatley tenham sido associadas ao desgaste provocado pelo escândalo.
Queda vertiginosa na F1
Neste mesmo período de baixas, a RBR não enfrentou apenas uma crise fora das pistas, mas sobretudo de performance. Antes do escândalo de Horner estourar, sucedendo até mesmo os testes de pré-temporada de 2024, o time era o atual campeão de construtores com seis conquistas, e Verstappen vinha de seu terceiro título consecutivo.
F1 2023: Max Verstappen e Christian Horner, chefe da RBR, celebram tri do holandês no GP do Catar
Mark Thompson/Getty Images
As quatro vitórias conquistadas pelo holandês nas cinco primeiras corridas do ano, contando ainda com três dobradinhas asseguradas pelo então segundo piloto Sergio Pérez, deram a entender que a crise se limitava ao extra-pista e logo seria superada. Mas, não foi bem assim.
A partir do GP de Miami, etapa da vitória inédita de Lando Norris, uma McLaren ressurgiu com força para tomar da RBR a liderança do campeonato; enquanto a inglesa despontava, a austríaca perdeu componentes do time e ainda caiu para terceiro na tabela do Mundial de construtores, superada pela Ferrari após o GP do México em outubro.
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No fim do ano, a McLaren faturaria seu primeiro título mundial em 26 anos. E a RBR, sem os pilares das conquistas dos anos anteriores, não conseguiria se reestruturar para dar a volta por cima em 2025: a equipe até anteontem chefiada por Horner começou o novo ano apenas em terceiro no Mundial.
Lando Norris celebra vitória no GP da Austrália da F1 em 2025
Clive Rose/Getty Images
Apesar de vencer três corridas com Verstappen, a equipe perdeu terreno para a nova vice-líder, Mercedes. Para piorar, depois do GP da Espanha, ainda foi empurrada para um discretíssimo quarto lugar no campeonato com a evolução de uma Ferrari que agora briga pelo segundo lugar na tabela de construtores.
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Quem é quem na RBR hoje?
Quem hoje ocupa a função de diretor técnico na RBR é Pierre Waché. O engenheiro francês já trabalhava na produção dos carros do time, abaixo de Newey e, a partir de 2025, passou a ser o principal responsável pelo design dos veículos do time.
Pierre Waché, diretor técnico da RBR no GP de Miami da F1 2025
Mark Thompson/Getty Images
O departamento de engenharia da RBR ainda é composto pelo chefe de aerodinâmica Enrico Balbo; o chefe de engenharia de performance Ben Waterhouse, o chefe de engenharia de veículos Paul Monaghan e o chefe esportivo Steven Knowles, que atua ao lado do chefe de operações de equipe Richard Wolverson.
Laurent Mekies, ex-diretor esportivo da RB e novo chefe de equipe da RBR a partir do GP da Bélgica da F1 2025
Rudy Carezzevoli/Getty Images
Knowles, em especial, assumiu funções semelhantes às do ex-diretor esportivo Jonathan Wheatley. O engenheiro de Max Verstappen, Gianpiero Lambiase, acumula as funções de pista com o novo cargo de chefe de corridas da RBR. Ele coordena todas as atividades de pista da equipe, reportando-se a Waché.