Em entrevista ao ge, Orlando Ribeiro comentou desafios no Timãozinho antes de encarar novamente o São Paulo Memphis brilha e comanda vitória do Corinthians sobre o Vasco
A política de base do Corinthians da atual gestão aposta no alto volume de contratações e parcerias. Só em 2025, por exemplo, seis novos jogadores chegaram para a equipe sub-20; 15 para o sub-17. No dia a dia, porém, a contratação de novos atletas não significa necessariamente o caminho para o sucesso no trabalho.
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Pelo menos esse é o ideal adotado pelo técnico Orlando Ribeiro. Vice-campeão da Copinha, o treinador ex-Santos completou seis meses no comando do Timão e não hesita em classificar um grupo com número limitado de atletas como fundamental para potencializar a base no “Terrão” corintiano.
Ainda mais na atual realidade do clube, em que Ramón Díaz e o profissional usam jovens no dia a dia semanalmente. Nesta segunda-feira diante do São Paulo, pelo Brasileirão sub-20, em Cotia, Orlando não contará com Gui Negão e Dieguinho, por exemplo. Ambos viajaram com o profissional para o jogo contra o América de Cali, pela Copa Sul-Americana.
Em entrevista concedida ao ge, Orlando destacou o planejamento da equipe forjado no dia a dia, em trabalho com “até 30 atletas” para ajudar tanto o profissional quanto a equipe sub-20, que prioriza a disputa do Campeonato Brasileiro da categoria.
– Trabalhamos em torno de 27 a 30 jogadores, pensando em uma sexta-feira que o profissional precise de seis ou sete no treino. Tem o grupo do sub-18 que divide também. O ideal é ter 27 a 30 atletas para potencializar no último passo antes do profissional – explicou Orlando Ribeiro.
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Orlando Ribeiro completou seis meses no comando do Corinthians
Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians
– Temos que trabalhar na semana. No sub-20 às vezes não tem tempo. Com o grupo mais enxuto fica mais fácil. Colocamos (nas conversas com a diretoria) que a preferência é de 27 a 30. Como expliquei, para termos essa situação (de potencialização e atenção aos atletas) – acrescentou.
Nos seis meses de trabalho no CT Joaquim Grava, Orlando Ribeiro enxergou potencial para ir longe com o elenco à disposição. Mesmo com o desafio de trabalhar com desfalques durante boa parte da semana, o treinador vê um Corinthians confiante para o Brasileirão da categoria.
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Em quatro rodadas, o Timãozinho soma uma vitória e três empates. A invencibilidade será testada diante do São Paulo, em Cotia. O sentimento de revanche, claro, é trabalhado pela comissão técnica antes do clássico.
– Não tem que esquecer completamente, tem que usar os meios para potencializar. Sempre colocando que cada jogo é um jogo, o time tem condição de vencer o São Paulo em Cotia. Tenho certeza de que vão fazer um bom jogo, mas temos que aguardar para ver qual a equipe que teremos à disposição – assegurou.
Elenco do Corinthians sub-20 posa para foto antes de jogo do Brasileirão
Rodrigo Gazzanel / Ag. Corinthians
A entrevista com Orlando Ribeiro ocorreu antes de Dieguinho e Gui Negão serem relacionados para a viagem rumo a Cali, palco do duelo do profissional contra o América, pela Copa Sul-Americana.
Além de explicar o método de trabalho e a expectativa para o clássico, Orlando Ribeiro comentou sobre a relação com o futebol profissional comandado por Ramón Díaz, centralizada nos gestores, e descreveu alguns dos atletas com potencial de se destacar com a camisa alvinegra.
Confira abaixo a entrevista completa com Orlando Ribeiro:
Saldo dos primeiros seis meses no clube
– É uma satisfação estar no Corinthians. Foi algo rápido logo que saí do Santos, ficamos contentes com o convite. Seis meses é pouco para o trabalho na base. Tem que ser médio e longo prazo. No Santos foi médio, dois anos e meio. Longo prazo é a partir de três anos. Tivemos uma Copa São Paulo, e antes tivemos que dar um descanso de 20 dias para os meninos. Entramos na preparação, e não tem treino na Copa São Paulo. Vão quase 45 dias aí, mais os 25 dias de férias. Trabalho de dia a dia e semanal, acredito que a gente tenha quase dois meses só. É muito pouco, ainda mais na dinâmica do Corinthians, que tem utilizado os meninos no profissional. Ainda estamos iniciando um trabalho.
Surpresa com a campanha da Copinha?
– Não surpreendeu, porque no dia a dia você sabe o que pode buscar com os meninos. Colocamos mais imagem e confiança, fazer acreditarem no potencial. Tinham meninos que não tinham jogado no sub-17, por exemplo. Um fator importante para a campanha foi o torcedor. Em alguns momentos de dificuldade, como na segunda e terceira fase, eles nos empurraram e deram a energia que faltava. Precisamos usar toda situação a nosso favor no Corinthians. Sabíamos que poderíamos ter dificuldades, que foram aparecer na final.
Quais dificuldades apareceram na final?
– Entendimento do que precisa no momento do jogo. Estávamos com 2 a 0 a favor (o São Paulo venceu por 3 a 2), a ansiedade atrapalhou, assim também como a qualidade do São Paulo também. Mas, vale lembrar, não estamos com o mesmo grupo no início do Brasileirão, com uns sete ou oito diferentes da Taça São Paulo.
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Como tem sido a integração com o profissional?
– Meninos estão integrados. Alguns que vão jogando no Brasileiro sub-20 estão em transição com o profissional. Só nesta segunda-feira saberemos quem vamos utilizar.
– Temos o Kadu, goleiro; Jacaré, lateral; Fernando e Gama, zagueiros; tivemos o Vini Gomes indo treinar no profissional, lateral-esquerdo; Caraguá, volante também. Bahia, Luiz Eduardo, Yago, Dieguinho e Gui Negão estão nessa transição.
E como trabalhar com essas dúvidas de elenco semanalmente?
– Temos um agravante: os meninos que treinam na semana com a gente, mas que na sexta-feira tem que ceder o lugar aos que vem do profissional. A preferência é de quem está na transição. Os meninos dessa transição precisam de uma parte tática, então é difícil, porque podem perder uma potencialidade ou um conceito, como um zagueiro no gesto técnico de cabeceio.
– Quando se trabalha no sub-20 com essa situação do Corinthians de usar os meninos, você tem que se adaptar. Sabemos como nesse início do Brasileirão, os dois empates em casa, tem um pouco reflexo dessa situação. Temos que entender que não podemos prejudicar o resultado do Brasileiro sub-20, porque tem descenso neste ano.
Orlando Ribeiro diz que prefere trabalhar com um grupo “enxuto” de até 30 atletas
Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians
Há potencial para buscar o Brasileirão sub-20?
– De imediato temos que lidar jogo a jogo. Quando lida jogo a jogo, pensamos no primeiro objetivo que é se classificar entre os oito primeiros. Só assim conseguimos lidar, não conseguimos fazer um planejamento anual ou até mensal, porque temos que saber lidar com essa transição.
Entrando em um aspecto individual: quais as virtudes que chamam a atenção em João Vitor “Jacaré”, que chegou até a estrear no profissional sem sequer participar da Copinha?
– Ele tem muita vitalidade e é um garoto muito tranquilo para se trabalhar, sempre aberto às ideias, à correção. Quero acrescentar uma situação: essa transição tem que ser boa para o Corinthians. Os meninos que estão vindo do profissional precisam de ritmo e competitividade, porque não têm a oportunidade de jogar ou ser convocado no profissional. Temos que ter a ideia de ajustar para não prejudicar o desempenho do sub-20.
– Temos que conversar sempre com a gestão do profissional para ajudar, e eles nos ajudarem também. Porque aí poderíamos não ter uma boa classificação e potencializar os meninos em jogos mais importantes e decisivos. É dia a dia, ver a semana deles como foi, se vão sair jogando, se vão esperar.
Como funciona o contato com o profissional?
– Temos setor para isso. Geralmente o Batata e o Chicão, como o Alex Brasil, todos participam. Eles são dessa ligação com o profissional, sobre quem vai ou não vai. Não sou somente eu quem dá opinião, chegamos em um denominador comum.
Você, particularmente, tem conversas diretas com o Ramón Díaz?
– Não tenho conversa direta com o Ramón, são mais os setores. Eu, como treinador, não.
Orlando Ribeiro e a comissão técnica querem um lugar no G-8 do Brasileirão
Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians
Bahia é quem tem mais potencial deste grupo para ir longe?
– Bahia tem potencial para ir longe. Primeiro, mesma situação do Jacaré: menino aberto a correções. Ele é o capitão da nossa equipe. Bahia teve dificuldades no início da Copinha, mas se ajustou. Tem condições de ser meia-atacante ou meia-armador. Hoje em dia, os times querem atleta com essas funções. Isso credencia o jogador a boa perspectiva de futuro. Olhamos com carinho, assim como os outros. Mas, o Bahia realmente é um dos destaques.
Qual o saldo do início do Brasileirão?
– Tem uma frase que falo: “está ruim, mas está bom”. A primeira ideia é estar entre os oito, então não estamos satisfeitos com o momento. Contra o Grêmio tivemos um atleta expulso e levamos o gol, mas tivemos forças para empatar, então está bom, por exemplo. Temos que pontuar, e é o que estamos fazendo. Tivemos dificuldades em casa de movimentações ofensivas. Tivemos dificuldades com o Botafogo, conseguimos ir buscar.
– Em certo momento vamos ter que arriscar mais do que arriscamos. Como estamos lidando com meninos que não estão todos os dias, está bom. Mas está ruim por não estarmos entre os oito.
Prioridade é o Brasileirão?
– Temos que priorizar a classificação e estar atentos. Em 10 ou 15 dias começa o Paulista, não vamos deixar de lado. Se tiver dúvida, deixaremos essas dúvidas no Paulista porque dará tempo de recuperação. No Brasileirão, em 10 a 15 dias, você tem que estar bem focado porque vai decidir onde brigará. A primeira ideia é o Brasileiro.
Orlando Ribeiro em ação pelo Corinthians na final da Copinha
Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians
Grande desafio do sub-20 é lidar com possíveis perdas de jogadores?
– É o grande desafio do sub-20. As pessoas enxergarem essa situação que é diferente de uma cobrança do profissional. Perde dois atletas no profissional faz a diferença, imagina colocar oito de um dia para o outro para jogar.
– O olhar para a base tem que ser diferente do profissional. Nem sempre tem isso, entende que conseguiu chegar a uma semifinal de Taça São Paulo com atletas que nem tinham jogado no sub-17, no sub-20. Problema é quem vê de fora, não nós que estamos trabalhando.
– O Corinthians sempre será favorito nos campeonatos, falamos na base. Não posso iludir e dizer que está bom. Temos que brigar para classificar e estar nas finais. É isso o que esperam do Corinthians.
– A partir do momento que estão no Corinthians, vamos ser responsabilizados por classificação. Eles sabem, isso não é pressão, é realidade. Fica natural. Acabo nem precisando ficar lembrando. Eles sabem que entram em campo como favoritos, como o São Paulo, outros times grandes. A cobrança sempre vai ser assim.
Alguém fora dos jogadores em transição possui potencial imediato de ir ao profissional?
– Sempre delicado falarmos do menino que pode ir ao profissional. O profissional, primeiro, precisa estar precisando daquela posição no dia a dia. Todos que estão no sub-20 têm condição de ter uma oportunidade de treinar, de completar uma atividade, mas isso não quer dizer que está pronto para resolver o problema do profissional.
– Temos meninos em evolução como o Vini Gomes, lateral-esquerdo, ainda com idade sub-17; o Pedro Thomas, menino novo. No meio do ano vão começar a transitar mais, acredito, mas não posso colocar que vão chegar e ser convocados, utilizados, porque daí até chegar nessa situação ainda está muito longe.
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